A proibição do uso
de animais nos espetáculos de circo começou a ser válida no ano de 2004, a partir de
leis estaduais que foram sendo implantadas ao longo de dois anos. A iniciativa
se deu a partir de vídeos que foram divulgados denunciando maus tratos à
cavalos, leões, elefantes e outros animais que participavam dos espetáculos.
A partir da
implantação da lei, ficou proibido o uso também de animais domésticos, punindo
com multa de cem mil reais os grupos que não respeitarem a legislação. A
fiscalização de higiene e saúde, que já era obrigatória, abriga agora a
vigilância dos animais.
O
governo decretou que é preciso reconhecer o sofrimento dos selvagens, que na
maioria das vezes eram mantidos em lugar impróprio, com má alimentação e um
adestramento não adequado. Outros pontos colocados foram: a compra de animais
do tráfico clandestino, os inúmeros acidentes ocorridos na convivência dos
animais com as crianças, os riscos que oferecem ao público e mais oportunidades
de trabalho para palhaços e malabaristas.
Quem não gostou da proibição foi Leandro
Moreira. O atual malabarista foi domador de leões durante 10 anos e perdeu mais
de 17 mil reais com o recolhimento de seus três felinos e todo o equipamento
necessário para manter os animais.
O governo não reembolsou valor ou
ofereceu qualquer ajuda para o profissional. Na época, Moreira precisou
aprender em poucos dias novos números para não perder o emprego. “Aqueles leões
eram meus filhos, eram quem me acompanhava nas viajens, eu jamais maltrataria
ou deixar de oferecer boas condições de vida à eles”, lamenta ele.
O ex-domador, que nunca levou nenhuma
mordida dos seus animais, questiona o projeto de lei. Ele afirma que deveria
haver uma maior fiscalização para impedir os maus tratos ao invés de não deixar
que os grupos que agem de forma correta tenham seus bichos. “É porque custa
mais caro a fiscalização, proibir todos os circos sem pensar nos prejudicados é
mais barato”, conclui Moreira
Os animais que são recolhidos são
levados a organizações que ajudam achar santuários e zoológicos para
acolhê-los, mas o transporte ainda deve ser arcado pelo proprietário dos
bichos. O IBAMA também oferece em algumas unidades estrutura física para manter
os mais frágeis.
Vitória Lovat